& dois poeminhas:
Cadeira de balanço
Os bichanos vêm aprender comigo
o conceito de falta de dinheiro
eles ficam ali sobre a velha cadeira
e se espicham, até dormirem
entediados
com o que tenho a dizer
tosse,
tosse
e
cuspe
Aguapés
Tuas veias azuis me lembram aquele inverno
de folhas, em que te amei entre sapos e marrecos
Compúnhamos um quadro com caramujos e aguapés
Tua face sensível refletia toda a luz de Manet
Então as cidades cresceram, os córregos
ficaram borrados
e entupidos
entre um dia ou outro de celulites e craquelês
Mas tuas veias azuis, ah, estas
ergo à memória do vivido
da lama
da tênue iluminação
que só depois fixou o inesquecível
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